Eu lhes digo que aqui está o que é maior do que o Templo (Mateus 12:6)
(por Juliano Henrique Delphino)
Desde a sua inauguração, a réplica do Templo de Salomão da Igreja Universal do Reino de Deus tem causado muita polêmica. Quer seja pelo valor investido em sua construção, quer seja por uma espécie de sentimento de sacrilégio que paira sobre a comunidade evangélica.
Por incrível que pareça, me causa maior preocupação as críticas de segunda ordem.
Longe de ser um defensor de boa parte da teologia proplada pela IURD ou das peripécias do Bispo Macedo com sua barba de Noesés (fusão de Noé com Moisés), me deixa deveras perplexo as críticas feitas por grande parte dos líderes evangélicos como se a réplica fosse "a Abominação Desoladora" de Daniel 9:27, ou seja, o cumprimento de uma profecia escatológica.
Que a comunidade judaica veja dessa forma, ainda que erroneamente, é compreensível. Mas os evangélicos "interpretarem" assim só revela que o ebionismo e todas as vertentes judaizantes do cristianismo continuam com muita força na teologia prática hodierna.
A igreja sempre sofreu com a ameaça desse segmento, cuja maior falácia é o esvaziamento da Cruz de Cristo substituindo-a por um legalismo incipiente autojustificante em menosprezo à Graça. Os irmãos da Galácia foram os primeiros a enfrentarem essa heresia (ver carta de Paulo aos Gálatas)
A tentação do legalismo é muito convidativa. Primeiramente, não precisa de fé, basta cumprir certas normas de conduta. Não se depende mais de Deus, mas do esforço pessoal. Em segundo, ela envaidece, pois cria um sentimento de superioridade, as vezes confundido com santidade, alcançada apenas por uns poucos humanos capazes de agradar o Altíssimo, a saber, os santos observadores da Lei. Em terceiro, ela é elitista, separa o "Povo de Deus" dos "Ímpios", e é sempre melhor fazer parte de um seleto grupo especialíssimo do que de uma "massa pecadora destinada ao inferno".
Esse novo "Sionismo" evangélico é responsável pelas pessoas acharem que louvor e adoração são a mesma coisa. Que a volta de Cristo só ocorrerá com a restauração de Israel. Que Deus tem dois povos: o da Lei (judeus) e o da Graça (cristãos). Porém, os segundos são filhos de segunda classe, um tipo de bastardo da fé que nunca será puro como um judeu.
É essa visão distorcida que faz com que cristãos guardem o Sábado, observem leis alimentares, toquem Shofar, considerem alguns líderes como "Rabis" com autoridade de emitir Leis Orais, que comprem Mezuzah, enfim, que faz com que, ainda que professem teoricamente o contrário, na prática, a Salvação pela Graça mediante a fé em Jesus Cristo não seja o suficiente (Efésios 2:9).
É exatamente em retirar o mérito de Cristo a maior letalidade dessa heresia. Quando chegamos ao ponto de achar que temos poder ou condições de intervir em nossa miséria, de mudar nosso estado de desgraçado, nossa condição de pecador, por meras práticas humanas, aí selamos a nossa ruína.
É nesse estado de coisas que se encontra a igreja atual. Arruinada pela sua arrogância. Em seu farisaísmo beligerante, é incapaz de ver que pior que os Macedos com seus Templos, são os cristãos judeus com suas velhas leis e tradições cada vez mais longes do Evangelho da Graça.
Para esses, o Templo incomoda! Como incomoda quem prega que só Jesus salva e não tem um diploma universitário. Tem raiva das pessoas que vão à IURD, à Igreja da Graça, Deus é Amor, e tantas outras igrejas evangélicas de doutrinas duvidosas, mas nunca fizeram nada para falar do amor de Cristo para essas pessoas.
Assim segue o fariseu! Revoltado não porque em algum momento se perdeu o foco em Cristo e pelo início de uma nova idolatria (a romaria rumo ao Templo de Salomão da Universal). Mas porque não considera o Bispo Macedo um homem digno do Sumo-Sacerdócio!
E assim seguimos, na contradição e na imbecilidade!
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