Quero abrir essa reflexão com uma afirmação categórica: a visão da "Busca do Jesus Histórico" é absurda!
Iniciada a partir da teologia liberal europeia do século XIX, notadamente a escola crítica, alguns teólogos começaram a saga de encontrar o "Homem Jesus de Nazaré Real", afastando os elementos "fantásticos" dos evangelhos uma vez que o "mito" era uma forma primitiva de explicar os fenômenos da natureza.
A partir de uma leitura seletiva do Novo Testamento onde compete ao exegeta excluir os elementos improváveis desmistificando os textos bíblicos, o objetivo era descrever o Jesus ser humano, com sua historicidade, que viveu no início da Era Comum.
O mito, para o homem contemporâneo, é algo a ser eliminado por conta de sua falsidade. Ocorre que, a palavra mythos, originalmente, difere em demasia do sentido a ela hoje atribuído. Significava narrativa, com suas verdades fáticas, intersubjetivas e emocionais. Mais do que uma história, é manifestação de uma coletividade. O poder do mito está na verdade social que ele expressa. Tão forte e tão presente que objetividade e subjetividade se confundem.
Muitas vezes figuras imaginárias são criadas para expressar valores profundos. Em outas, surgem pessoas com uma capacidade de impactar de tal forma o mundo, radicalizando-o, que a sua própria existência altera o rumo da história, alterando a "narrativa".
Ora, utilizando a palavra em seu significado original, todos os personagens históricos importantes só assim o são por conta do mito que surge inerente aos seus feitos, de modo que se tornam indissociáveis.
Ninguém fala sobre a busca do Sócrates histórico, busca do Moisés histórico ou, para utilizar um exemplo contemporâneo , a Busca do Hitler histórico. Ao tentar desmistificar Jesus não sobra nada de "histórico" para encontrarmos. O fato é que os milagres de Jesus são inaceitáveis para a ciência moderna de modo que essa "busca" é apenas uma forma de torna-Lo aceitável fora de seu contexto religioso. E fazer isso é o mesmo que tentar fazer Hitler aceitável fora de seu contexto político.
Separar o Cristo de Jesus é o mesmo que separar o Holocausto ou o Nazismo de Hitler. Pouco sobra! Essa atitude pode ter muito de ateísmo e ceticismo, mas nada tem de histórico.
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