por Juliano Henrique Delphino
“Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se tornado em incircuncisão. Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão? E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, julgará a ti, que com a letra e a circuncisão és transgressor da lei. Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu aquele que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, no espírito, e não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.”
(Romanos 2: 25-29)
A circuncisão é o símbolo da Aliança de Deus com Abraão (Gênesis 17:9-14), com base na Sua promessa a este: “farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então se contará também a tua descendência”. (Gênesis 13:16) Se operava na carne, isto é, no prepúcio, representando a purificação e a separação dos descendentes de Abraão, significando que o homem circuncidado possui uma descendência santa, separada à Deus.
A circuncisão é um símbolo do temor do Senhor, de obediência, de santificação, de amor e devoção a Deus, sem as quais, esta perde o seu significado.
Ocorre que os judeus começaram a confiar na autojustificação, achando que pelo fato de serem circuncidados, isso lhes outorgava o direito de filho de Deus, sendo algo em que se gloriavam. Por isso desprezavam os gentios (todos os não judeus) sentindo-se superiores por viverem uma vida regrada, entendendo que as nossas condutas são suficientes para adquirirmos a vida eterna.
Esse problema atingiu a igreja primitiva, havendo dissensão entre dois partidos: dos cristão-judeus e dos cristão-gentílicos. Os judaizantes olhavam com desprezo os cristão-gentios, sentindo-se superiores, julgando para a condenação todos aqueles que não cumpriam a Lei, chegando a ponto de ensinarem que para ser salvo a graça de Cristo não era suficiente, mas operava em conjunto com a guarda da Lei.
Neste contexto o apóstolo Paulo escreveu a carta aos romanos, mostrando a verdadeira circuncisão. Muito mais do que ações exteriores, a Aliança que Deus estabelece com o homem é sempre no coração. E que a Nova Aliança, superior à Antiga baseada em ordenanças, é a aliança do amor, realizada em Cristo Jesus, no seu sacrifício na cruz do Calvário, levando sobre si todos os nossos pecados, apagando todas as transgressões, nos reconciliando com o Deus para todo o sempre. Amém!
Aplicando o texto aos nossos dias, em tempos de baixeza moral, em que muitos cristãos vivem com absoluta falta de compromisso, tendo uma vida devassa, há aqueles que se guardam de todas essas coisas, procurando viver de acordo com os padrões do Todo-Poderoso. Todavia devemos saber que isso é conseqüência de termos sidos salvos, como prova da fé que operou a salvação em nós, para que andássemos de acordo com as boas obras que Cristo de antemão preparou para que nelas vivêssemos (Efésios 2:8-10).
Daí não significa que podemos nisso confiar, pois não é pelas obras que somos justificados, mas pela fé em Jesus Cristo. Como está escrito: “...a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção.” (Romanos 3:22).
Semelhantemente, infelizmente muitos de nós tem se gloriado na carne. Quando fazemos isso, ou seja, nos gloriamos em nossos atos, inferiorizamos aqueles que, arrependidos, tentam se aproximar de Deus, mas não conseguem por causa do nosso duro juízo.
Desta sorte, criam-se grupos na igreja: os dos “consagrados” e os dos “pecadores”. E assim, por mais que os pecadores tentem, jamais serão como os consagrados, pois faltam neles coisas que só os consagrados possuem: ter nascido na igreja, família de crente, virgindade, nunca faltar n EBD, ter inúmeras atividades, nunca ter se “contaminado o mundo” etc.
Ocorre que todas essas coisas, sem fé, e sem um amor verdadeiro de nada valem. É orgulho espiritual e soberba que conduz ao endurecimento do coração.
Um novo tipo de circuncisão surgiu nos tempos de hoje: a virgindade
Devemos ter em mente que é uma benção se manter assim, e que a sua perda produz conseqüências incomensuráveis, pois nos tornamos um com aquele com quem dormimos. E se somos templo do Espírito Santo, devemos nos afastar da prostituição (I Coríntios 6:12-20).
Em tempos de depravação sexual, de libertinagem e sodomia, manter-se virgem para um cristão é como a circuncisão para um judeu. A virgindade representa a nossa consagração, a nossa separação desse mundo, uma aguardar em Jesus a mulher (ou homem) que Ele preparou para nós, a fim de termos uma descendência consagrada.
Mas muitos jovens perderam a sua virgindade e com isso precisam de restauração. E mesmo arrependidos sentem que nunca mais poderão ser os mesmos.
Contudo, Jesus é Deus de restauração!
Virgindade é algo importante, mas sem amor, sem relacionamento genuíno com Cristo é como perdê-la.
Quando confessamos os nossos pecados e nos arrependemos, Jesus é capaz de restaurar todas as coisas. Ainda que para o mundo não sejamos mais virgens, Deus torna imaculada todas as coisas a qual santificou. “...ao que Deus purificou não consideres comum” (Atos 10: 15)
Se você é virgem, mantenha-se assim, não caia e nem se glorie nisso. Mas se você não é, saiba que Deus restabelece todas as coisas, como diz em Miquéias 7:18-19: “Quem é Deus semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade, e que te esqueces da transgressão do resto da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque ele se deleita na benignidade. Tornará a apiedar-se de nós; pisará aos pés as nossas iniqüidades. Tu lançarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar.”
Para concluir, com todo o temor e tremor, sem querer alterar nada, mas pedindo permissão e misericórdia para o Senhor, encerro parafraseando o texto de Romanos: “Porque a virgindade é, na verdade, proveitosa, se guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua virgindade tem-se tornado em não- virgindade. Se, pois, o não- virgem guardar os preceitos da lei, porventura o não- virgem não será reputada como virgem? E o não-virgem que por natureza o é, se cumpre a lei, julgará a ti, que com a letra e a virgindade és transgressor da lei. Porque não é cristão o que o é exteriormente, nem é virgindade a que é só exteriormente na carne. Mas é cristão aquele que o é interiormente, e virgindade é a do coração, no espírito, e não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.”
Santifique-se!