E Deus perguntou: Quem lhe disse que você estava nu? (Gênesis 3:11a)
A solidão é o que faz o indivíduo.
Uma filosofia da solidão pressupõe que para além de nós só existe as
nossas experiências. O que me faz ter certeza de que o que está aí fora
realmente existe além da minha cabeça? Seria possível eu conhecer o objeto? A inacessibilidade
do númenos (as coisas em si) é evidente
quando percebo que tudo o que eu conheço advém dos fenômenos, ou seja, não
conheço as coisas em si, mas como elas se manifestam.
O que garante que todos nós não somos esquizofrênicos? E se tudo que nos
cerca não existir de verdade e todas as nossas experiências não passarem de
simples sensações oriundas de objetos alucinados? Se pudéssemos trocar as
nossas mentes, será que o azul que eu vejo é o mesmo azul que você vê?
No final, o que nos dá segurança é uma pretensa intersubjetividade, ou
seja, uma concordância com o resto das pessoas de que aquela experiência é
igual para os outros. E se todos os Outros forem meras projeções do seu Eu?
Se já não posso ter tanta certeza do que é empírico, pois tudo está
suspenso, como posso dirigir minha vida baseada no “científico”? E se a verdade
for transcendente?
Como afirma o aforismo 5.62 do Tracatatus
Logico-Philosophicus, de Wittgenstien, “ que o mundo é o meu mundo, se revela no fato de que que
os limites da linguagem (a linguagem que apenas eu entendo) significam os
limites do meu mundo."
A solidão é o que faz o indivíduo, mas Deus é quem fez o homem!
E Deus perguntou: Quem lhe disse que você estava nu? (Gênesis 3:11a)